Crônica

“Éramos seis...”

Cemitério da Consolação, São Paulo. Uma tarde ensolarada em meados de maio de 1984. Minha alma, então no frescor da fé, vaga entre as tumbas, envolta na oração e na contemplação da arquitetura mortuária, por vezes tão complexa quanto o mistério que representam seus monumentos: beleza, horror, leveza, tormento, despojamento, luxo… díspares ideias concretizadas no tijolo e na pedra. Próximo ao corredor dos fundos, sombreado por comprida fileira de árvores,

Isso de ser pai...

Hoje, completei meu 19º ano de pai. Ou 20º, se se puder considerar o filho ainda no ventre, a promessa depois cumprida. E, entretanto, não houve ainda acúmulo de decênios que me trouxesse explicação para isso de ser pai. Essa improvável expansão de si mesmo a partir do outro, esse estender-se para fora de si, esse abrir-se em céus e abismos, glórias e tormentas antes sequer imagináveis. Que encanto é

PROCURO MULHER JOVEM...

PROCURO!…Mulher jovem, pelo menos dez anos mais nova que eu.Muito inteligente e culta, com ao menos duas graduações, duas especializações e doutorado (no qual tenha sido aprovada com nota máxima e muitos elogios da banca examinadora). Sim, sou exigente!Precisa ser intelectual. Que tenha livro editado e produção acadêmica consistente, com dezenas de artigos publicados. Que goste de ler, mas leitura de profundidade, como Nietzsche, por exemplo – mas que, ao

MERRY CHRISTMAS! (Canadian inspiration)

Jogou seu último resto de cigarro na rua. Acabara de decidir que seria mesmo o último – e quando ele decidia, estava decidido: seria efetivamente o último cigarro da sua vida. “Vida”, pensou – “é isto que eu quero.” Saiu a perambular livremente pelas ruas, apenas absorvendo as sensações que a cidade lhe passava por osmose. Sentiu no rosto o vento gelado do inverno abaixo de zero. Respirou fundo, colocando