Literatura

A tirania da publicidade

“Para reduzir a humanidade à escravidão, a publicidade escolheu a dissimulação, o jeitinho, a persuasão. Vivemos no primeiro sistema de dominação do homem pelo homem contra o qual até a liberdade é impotente. Ao contrário, ele aposta tudo na liberdade, é este seu maior achado. Toda crítica lhe dá o bom papel, todo panfleto reforça a ilusão de sua tolerância melosa. Ele submete a todos com elegância. O sistema atingiu

As correntes que arrastamos...

“Queremos transformar o mundo e somos incapazes de nos transformar a nós próprios. Queremos ser livres, fazer a nossa vontade, e a todo o momento arranjamos desculpas para reprimir os nossos desejos. E o pior é que nos convencemos com as nossas próprias desculpas, deixamos de ser lúcidos. só covardia. É medo de nos enfrentarmos, é um medo que nos ficou dos tempos em que temíamos Deus, ou o pai

Literatura, poesia compreensível e língua culta

Leitor fanático-compulsivo, acho que sou dos poucos seres que compram e leem livros de poesia. Tenho me decepcionado com alguns celebrados poetas contemporâneos, cujos poemas são tão herméticos que acho que só eles e os críticos que os louvam entendem… Melhor a poesia popular do Leminski, que, sim, é capaz de emocionar e fazer refletir, mesmo em meio aos seus trocadilhos mais baratinhos. Pelo menos são passíveis de compreensão, análise

RECORDAÇÕES DE INFÂNCIA

A velha sede da fazenda era, para mim, algo emblemático da infância. O que chamávamos de “sede” era, na realidade, um conjunto de edificações que constituíam o núcleo em torno do qual girava toda a vida daquela fazenda de café de quase 200 alqueires. No centro de tudo, estava a casa principal. Ainda hoje, tenho na memória aquele cheiro característico do velho casarão onde vivi boa parte de meus dias

UMA HISTÓRIA DO JORNAL I&C - E COM O "TURCO"

Conheci o Jamil Snege quando era estudante de jornalismo e trabalhava no jornal Indústria & Comércio. Na época (1994!), o I&C era um baita jornal, com uma equipe maravilhosa. Gente do naipe de Roger Modkovski, Marcio Achilles Sardi, Rogério Pereira, Rodrigo Wolff Apolloni, , Liliam Sponholz, José Fernando da Silva, Alessandro Martins, Ana Paula de Carvalho, Alessandra Ferreira, Eledovino Basseto Jr., Oscar Roecker Neto, Israel Reinstein, Miram Gasparim, Eduardo Aguiar, David Campos,

Li “O filho de mil homens”, de Valter Hugo Mãe, e fiquei arrebatado! O primeiro capítulo, “O homem que era só metade”, é maravilhoso. Algumas pitadas do texto: “…quando se sonha tão grande a realidade aprende.” “Os seus olhos tinham um precipício. E ele estava quase a cair olhos adentro, no precipício de tamanho infinito escavado para dentro de si mesmo. Um rapaz carregado de ausências e silêncios.” “Amar era

"Mugido de trem"

“Mugido de Trem”, de Nilson Monteiro, é um belo livro. Graficamente agradável na forma (capa muito bonita, ilustrações de ótima qualidade, bom projeto gráfico), melhor ainda no conteúdo. Não é “mais uma obra qualquer”. Também não é um livro de leitura fácil – é feito para leitores inteligentes e habituados ao consumo de literatura. Tem consistência. Tem qualidade. Tem estilo. Os 57 capítulos são cada um uma pequena história ou pedaços

Resultado do Portugal Telecom

Saiu ontem o resultado do Prêmio Portugal Telecom. Dalton Trevisan foi premiado na categoria conto com “O anão e a ninfeta”. Não gostei. Não por que não aprecie a obra do vampiro, embora ache que alguns livros dele só se baseiam no nome (“Pico na veia”, p. ex., achei patético). Não li o livro premiado. Será que não é “mais do mesmo”? Mas não gostei da premiação porque estava torcendo