EXPERIÊNCIA MUSICAL

Sexta-feira. Viajo a Joinville acompanhado, como sempre, pelo rádio. Mantenho-o entre a CBN e a BandNews até onde o sinal alcança. Quando já não consigo ouvir essas estações, resolvo experimentar as rádios locais. Um toque no botão, e o dial corre para uma rádio tocando “sertanejo”. Como a melodia é igual a tantas outras, atento para a letra. Diz algo assim: o cara não consegue pegar mulher na balada, então, chama uma amiga que vai junto e atrai para ele as mulheres. (Dei-me depois ao trabalho de procurar a letra na internet: “Chega lá parceira, eu sei que você manja, / Se ela beijar minha boca, eu pago sua comanda. / Tá de pé aquele nosso velho combinado, / Cê chega, eu pego, cê bebe, eu pago.”)

Embora embevecido com o alto grau poético da letra e a incrível originalidade da melodia, avanço no dial. Dessa vez, ouço algo que parece um sertanejo de raiz. Presto atenção na letra e descubro um gênero desconhecido para mim: o sertanejo evangélico. Aguento até o final da música, mas lá vai o dedo de novo no botão quando o locutor/pastor começa a falar.

Caio numa estação em que uma locutora com bela e poderosa voz entrevista um “funkeiro” carioca, um tal de… MC (“êmi-ci”) Alguma-Coisa. Extasio-me com a fluência verbal do entrevistado até que resolvem tocar uma música do dito-cujo. A letra: “Senta-senta-senta-senta-senta bem devagarinho / Senta-senta-senta-senta-senta é no colo do paizinho”. Letra digna da “fluência verbal” do autor. Quanto à melodia, não preciso comentar, pois qualquer um que tenha ouvido o estilo sabe exatamente como é.

Mais um toque rápido no botão. A rádio seguinte está tocando Raul Seixas. Não mudo mais de estação até o fim da viagem. E ainda volto ouvindo a mesma estação enquanto o sinal aguenta.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *