Igualado o recorde de 11 jogos vencidos no início do Campeonato Paranaense, ainda vai ter gente querendo comparar os “dois” times do Furacão, nessa polêmica sem sentido. Para começar, uma instituição é única ao longo de sua história. Não há dois Atléticos, nem dois Furacões. O Clube Atlético Paranaense, o Furacão da Baixada, é um só. Dirigentes, jogadores, funcionários e torcedores vêm e vão, mas o Atlético continua sendo ele mesmo. Todos dizem que o Brasil é pentacampeão mundial de futebol – embora a campeã seja a seleção brasileira e não o país, e embora os cinco títulos tenham sido conquistados com muitos times diferentes. A glória dos 11 jogos de 1949 também é do Atlético de hoje, assim como a conquista de 2008 será das equipes futuras do Atlético.
A comparação é tão inviável que o próprio ex-jogador Cireno ironiza dizendo que são esportes diferentes (afirmando que o atual deveria ser chamado de “trombobol”). Claiton respondeu bem, argumentando que o futebol em 1949 era amador. Com certeza, eram “futebóis” diferentes. Até mesmo as regras, várias delas, mudaram de lá para cá.
Para se comprovar a impossibilidade de comparações, um dado interessante a analisar é a relação dos 11 jogos de 1949 (aliás, o campeonato todo teve 12 jogos, com sete times disputando-o em pontos corridos, turno e returno – o campeonato atual tem 15 jogos só na primeira fase, com 16 times. Grandes diferenças…). Os dados foram publicados na Gazeta do Povo por Tiago Recchia (que atribui o crédito das informações a Heriberto Machado e Valério Júnior, autores do livro “Atlético – a paixão de um povo”):
1) 4 x 2 no Água Verde (14/5)
2) 4 x 0 no Palestra Itália (22/5)
3) 5 x 1 no Juventus (5/6)
4) 5 x 1 no Britânia (19/6)
5) 4 x 2 no Ferroviário (3/7)
6) 5 x 1 no Coxa (7/8)
7) 7 x 3 no Água Verde (18/9)
8) 4 x 2 no Britânia (25/09)
9) 4 x 3 no Palestra Itália (13/11)
10) 4 x 0 no Juventus (19/11)
11) 3 x 2 no Coritiba (sem indicação da data).
Vejam só: no máximo dois jogos por mês! Julho e agosto com um jogo só, e nenhuma partida em outubro! O que será que os jogadores faziam no resto do tempo? Treinavam? Passeavam? Faziam excursões ao Paraguai? E como eram esses “atletas”? Será que fumavam como Gérson e bebiam como Garrincha? Outra questão: o campeonato era mesmo “estadual”? De que cidades eram os times do Água Verde, Palestra, Britânia, Ferroviário, Juventus? Parece um campeonato metropolitano, como o da nossa atual suburbana… Enfim, não há como fazer uma comparação lógica. São dois mundos…
E com todo respeito ao octogenário Cireno, que disse que o time atual do Atlético perderia de 15 a 0 se jogasse com o Furacão de 1949, discordo… O atual, provavelmente, venceria por 90 a 0, um gol por minuto, pois os jogadores de 1949 ou já morreram ou estão muito velhinhos para correr atrás da bola… Viu como não dá para comparar?
Que sejam então reconhecidos os méritos do Atlético, do Furacão de hoje, que continua sendo o mesmo de ontem e permanecerá sempre o Furacão!
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