Coisa de inexperiência…

Não consigo resistir a comentar um texto publicado na capa do Caderno G da Gazeta do Povo de terça-feira, 11 de janeiro de 2011, sob o título “Coisa de filme”. Trata-se de um texto curto sobre a única sala de cinema de Paranaguá, recentemente reinaugurada – a sala havia sido destruída por um incêndio no ano passado.

O texto está cheio de informações absolutamente irrelevantes ou óbvias. Vejamos alguns trechos…

“Faixas e uma televisão enorme anunciam os filmes em cartaz”. Ou seja, é mesmo um cinema, igualzinho a todos os outros.

“Uma moça simpática no caixa descreve os filmes disponíveis e pontua os horários de exibição”. Nossa! Que bom saber que a funcionária cumpre suas funções básicas!

“A sala tem um clima confortável e dá para perceber a expectativa de parte do público para o filme que vai começar”. Ainda bem que a sala tem um clima confortável. Deve ter condicionador de ar, como todos os cinemas atuais. Mas por que será que apenas parte do público tem expectativa em relação ao filme que vai começar? Será que a outra parte vai ao cinema sem nenhuma expectativa? Ou esconde bem sua expectativa, de modo a que a repórter não perceba?

“As poltronas reclináveis são confortáveis…” (a autora gosta dessa palavra) e o cinema tem pipoca! Que bom, né? Tão diferente! “…e parecem ideais para se encarar produções longas, que parecem estar na moda hoje em dia.” E parece que ela parece gostar da palavra parece… Parece também que ela não sabe bem exatamente o que está na moda.

A jornalista esclarece que o incêndio que destruiu o cinema “marcou a população da cidade” (hum… que generalização…) e que “Os jovens enfrentaram uma espécie de luto por alguns meses.” Que jovens? Todos os jovens da cidade? Uma espécie de luto? Como é possível apurar essa informação generalizante?

Depois, o texto trata da história do cinema em Paranaguá, lembrando que o Cine Teatro Santa Helena foi inaugurado em 1927 e funcionou até 1994. E arremata dizendo que “as lembranças da época ficaram somente na memória dos moradores mais velhos”! Para se lembrar de um cinema que fechou em 1994 é preciso ser um “morador mais velho”? Mais velho do que quem, cara-pálida? Uns 26 anos, talvez? Qual a idade da autora do texto? Dezesseis, para considerar gente de 26 anos “moradores mais velhos”?

A matéria traz também a fala de um “diretor” do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, identicado apenas como “José Maria”. É regra básica de jornalismo informar o sobrenome da pessoa e o cargo. A internet esclarece facilmente o que a repórter sonegou: José Maria Farias de Freitas é 1º tesoureiro e diretor setorial do Departamento de História do IHGP.

2 Comentários


  1. quá, quá, quá! você é incrivelmente correto na sua chatice, pelo que ela deixa de a ser!… Vale dizer: você reformulou o conceito de chatice!
    Espero que suas críticas à Gazeta do Povo (construtivas, mesmo quando irônicas) cheguem até o jornal. Assim, quem sabe a incompetência e/ou despreparo dos que recebem salário para fazer as reportagens sejam repensados ou afastados, o que faria do periódico um produto melhor.

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  2. Ah, ah! Essa é boa! Não sei se foi elogio ou crítica, rsrsrsrs…
    Meus aluninhos já estão acostumado com a minha “chatice”.
    Também espero que o pessoal da GP leia e que as críticas sejam úteis. Ao menos um colega de lá me disse que lêem…

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