Mais alguns deslizes extraídos da nossa querida Gazeta do Povo.
Caso 1
Quando um jornalista entrevista alguém que faz referência a uma data que pode não ser compreendida adequadamente pelo leitor de um jornal impresso (que será publicado no dia seguinte – o jornal impresso só tem notícias “velhas”), costuma esclarecer entre colchetes a que dia o entrevistado se referiu.
Por exemplo: o jornalista entrevista o técnico do Corinthians na véspera do jogo, e Tite diz: “Estamos preparados para o jogo de amanhã”. Quando o jornal for publicado, o “amanhã” já será “hoje”, pois o jornal sai sempre no dia seguinte. Então, se reproduzir a frase entre aspas, o jornalista poderá escrevê-la assim: “Estamos preparados para o jogo de amanhã [hoje]”.Até aí, tudo bem. Mas, atenção, senhores jornalistas: se a fala do entrevistado não se prestar a qualquer confusão, não é preciso essa intervenção entre colchetes! Olha só o que achei na Gazeta de 25/11 (esportiva, p. 5): “Segunda-feira [amanhã] começaremos a trazer novidades para vocês”. Ora, se o entrevistado disse “segunda-feira”, não é preciso qualquer esclarecimento do jornalista, porque o leitor sabe que dia é segunda-feira…Mas o pior de tudo é que o jornal era de domingo (25/11 foi efetivamente um domingo), mas a data anunciada no alto da página era: “Sábado, 25 de novembro de 2012”! Vai ver que foi por isso que o repórter se perdeu…
Caso 2
Esta é inusitada: uma matéria factual com título de artigo. Foi na Gazeta do Povo de sexta-feira, 23/11/12 (Vida e Cidadania, p. 9). A matéria informava que “Um protesto de funcionários da Copel que bloqueou uma rua ontem de manhã, em Curitiba, terminou em confusão com a Polícia Militar” – um lide normal. Mas…
E o título? Ei-lo: “Protesto deve respeitar o direito do próximo”!
Será que estamos voltando explicitamente ao jornalismo publicista de séculos passados? Ou será que o editor esqueceu as lições básicas sobre titulação de matéria factual? Ou quis mesmo expressar opinião explicitamente?