Um problema recorrente nos jornais é a elaboração inadequada dos títulos. O título de uma matéria deve ser a síntese perfeita do conteúdo principal da notícia. Embora pareça muito simples, não é raro haver deslizes, mesmo em grandes jornais.
Na edição de domingo, 2 de janeiro de 2011, da Gazeta do Povo, o mesmo erro é cometido duas vezes. Vejamos a manchete da capa, relativa à posse de Dilma Rousseff: “Combate à miséria será prioridade de Dilma”. E o título principal da página 12 do caderno Vida Pública, tratando da posse de Beto Richa como governador do Paraná: “Educação será maior prioridade no Paraná”.
O leitor é capaz de identificar o problema? Bem, a dica está no título deste post. O jornal afirma nos títulos quais serão as prioridades dos governos federal e estadual do Paraná. Ou seja, assume como verdade o que foi dito nos discursos de posse.
O título é redigido pelo jornal, é palavra do jornal. Portanto, é a Gazeta do Povo quem está afirmando taxativamente quais serão as prioridades dos governos. Ou seja, o jornal deu total crédito aos discursos de posse, em vez de indicar ao leitor que os políticos em foco é que disseram isso.
A solução é o jornal afirmar que as prioridades foram indicadas nos discursos – e não tomar os discursos como verdade. Os títulos poderiam ser, por exemplo: “Richa define educação como prioridade” e “Dilma afirma que combaterá a miséria”. Desse modo, o jornal apenas relata o que os empossados disseram, sem endossar o discurso deles.
O problema é grave, mas, infelizmente, repito: não é incomum. Pode ser “apenas” um erro jornalístico, como pode ser, também, a indicação de uma linha ideológica do jornal. Que cada leitor analise e tire suas conclusões…
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como os cidadãos estão cada vez mais burros, só os inteligentes e/ou observadores percebem as nuances por você relatadas. Para a maioria, tudo isso tanto faz. Outro dia, dei R$ 20,00 para a moça da loja cobrar R$ 18,00 pela mercadoria que comprei e ela – como não é raro acontecer hoje – pegou a calculadora para ver quanto tinha que dar de troco… No final das contas, nossos irmãos brasileiros nem sabem o que é jornal, presidenta, educação, combate, prioridade, etc.
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Bem, pelo menos os que têm o hábito de ler jornal podem prestar atenção e ser mais críticos quanto ao conteúdo…