UMA HISTÓRIA DO JORNAL I&C – E COM O “TURCO”

Conheci o Jamil Snege quando era estudante de jornalismo e trabalhava no jornal Indústria & Comércio. Na época (1994!), o I&C era um baita jornal, com uma equipe maravilhosa. Gente do naipe de Roger Modkovski, Marcio Achilles Sardi, Rogério Pereira, Rodrigo Wolff Apolloni, , Liliam Sponholz, José Fernando da Silva, Alessandro Martins, Ana Paula de Carvalho, Alessandra Ferreira, Eledovino Basseto Jr., Oscar Roecker Neto, Israel Reinstein, Miram Gasparim, Eduardo Aguiar, David Campos, Márcia Campos, Simone Meirelles, Silvia Vicente Macedo, Sílvia Zanella, Filipe Pimentel, Viviane Favretto, Celso Nascimento, Bernardo Bittencourt, Aniele Nascimento, Martha Feldens, Teresa Martins, Patricia Habovski, Zé Suassuna de Oliveira, Andréa Bertoldi, Roberto Couto, Roberto Monteiro, Arthur Rosa, João Pedro Amorin, Adir Nasser, Szjia Ber Lorber, Taísa Binder, Omar Nasser, Andréa Ribeiro, Guilherme Puppo e muitos outros que não estou lembrando agora (perdão, estou colocando de memória e sei que, infelizmente, vou esquecer pessoas importantes porque tô velho), mas que faziam parte desse verdadeiro timaço comandado pelo Aroldo Murá. Que tinha ainda colunistas como o Carlos Alberto Pessoa e o Valêncio Xavier.

Como tínhamos muita gente boa das letras, propus fazermos um livro de poemas. Qualquer funcionário do jornal poderia participar enviando seus textos. Juntei todos e imprimi, sem identificação dos autores, para entregar a três avaliadores externos que dariam notas de zero a três para cada poema, e os que tivessem melhor avaliação seria publicados num livreto com apoio do jornal (o prof. Aroldo logo abraçou a ideia e escreveu a apresentação).

Bem, tivemos de tudo, poemas ótimos, outros medianos, vários fracos. Um dos avaliadores escolhidos foi o Jamil Snege. Deixei os textos com ele e, pouco tempo depois, ele disse que iria devolver sem avaliar, porque tinha muita coisa ruim misturada com algumas coisas muito boas, “como, por exemplo, aquele poema do João Cabral, muito bom” – e citou um poema. Por acaso, era um poema meu, eh, eh, eh… Fiquei muito orgulhoso. Mas devo dizer que na avaliação geral (feita, afinal, por outros três avaliadores: Hélio Puglieli, Leopoldo Scherner e Alzeli Bassetti), meus poemas ficaram em terceiro lugar (atrás do Marcio e do Roger).

Bem, é uma deliciosa recordação. Impossível não ter saudades daqueles tempos, especialmente importantes para mim. Então, pra encerrar, segue o poema que agradou o “Turco”. Acho que ele foi muito bonzinho, porque tem até rima de “amor” com “dor” kkkkkkkkkkkkkk…. E não posso nem dizer que ele estava tirando sarro da minha cara, porque os poemas não estavam identificados.

RESPOSTA A “CATAR FEIJÃO”,
DE JOÃO CABRAL DE MELLO NETO

Desculpe João, mas não concordo:
feijão cozido — coisa prosaica,
e nossa língua arcaica,
“última flor do Lácio”,
é artigo precioso,
difícil de ser tratado.
Catar feijão, que coisa fácil,
tarefa táctil…
Escolher palavras?
É preciso estro,
o dom difícil
da escolha certa.
O bafo quente
que leva a palha,
quem não o tem?
Mas a souplesse,
o gênio, a letra,
a inspiração poeta,
o sentimento, a dor,
saber o mar, a lua,
a estrela, o amor…
Ver além do objeto,
transcender o concreto,
interpretar,
dizer mais que as palavras…
quem é capaz?

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