Medo de quê?

Acho curiosas as avaliações que a Gazeta do Povo faz dos filmes em cartaz nos cinemas. Em geral, são bastante benevolentes. Do que será que os autores das resenhas têm medo? Qual o prejuízo deles ao dar notas baixas para os filmes? Haveria algum pacto espúrio com a indústria cultural?

É comum o Caderno G publicar resenhas falando muito mal de um filme e, no final, o autor ser bastante condescendente ao classificá-lo. Alguns exemplos: ao falar do filme The Spirit, Cristiano Castilho diz que o diretor Frank Miller “chega perto de envergonhar seus espectadores”. E depois de apontar só falhas na obra, classifica-a como… “regular”! Danielle Britto, ao analisar Os delírios de consumo de Becky Bloom, diz que a história tem um fim pouco original e que “nem o figurino consegue alavancar o filme…”, mas o classifica como… bom! Irinêo Netto, por sua vez, numa resenha com o implacável título “Perda de tempo”, escreve o seguinte: “Se conseguir encontrar uma piada engraçada (só uma) em Um louco apaixonado, se considere [sic] alguém de sorte”. E termina as dez linhas sobre o filme aconselhando: “Fuja enquanto há tempo.” E qual a classificação indicada para o filme? Regular!

O pior é que, embora a resenha seja publicada numa única edição do jornal, a classificação do filme permanece na programação enquanto o filme estiver em cartaz.

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