O patético cinismo da Globo

Uma das principais equipes de vôlei feminino do Brasil acabou. O time mantido pela Finasa em Osasco-SP não existe mais. O Globo Esporte, da Rede Globo, levou ao ar hoje (21/04) extensa matéria sobre o fato, em clima de velório. Mas não citou uma vez sequer o nome do time. Falou do “time do (sic) Osasco”, assim como costuma chamar o Rexona/Ades de “time do Rio de Janeiro”.

Trata-se de uma ridícula e mal-intencionada sonegação de informação. Se o Rio de Janeiro um dia tiver dois times na Liga Nacional, como a Globo vai chamá-los? Pelo bairro da sede? E se um ficar no Flamengo e outro no Botafogo, como a Globo os denominaria?

A atitude da Globo demonstra o espírito mercenário da emissora. Só entra o nome de quem paga. Não pagou, não aparece. Uma importante jornalista esportiva da emissora revelou numa palestra, respondendo a pergunta da platéia, que se uma equipe de reportagem, ao gravar uma matéria, deixasse aparecer as marcas dos patrocinadores estaria sujeita a demissão. Daí os supercloses tão comuns nas matérias do jornalismo esportivo “global”, em que o cinegrafista faz o que pode para não mostrar sequer a marca exibida no boné do entrevistado, por exemplo.

O cinismo da emissora na matéria sobre o time da Finasa foi de dar nojo. A emissora boicota todos os grandes patrocinadores das equipes esportivas e depois chora lágrimas de crocodilo porque esses patrocinadores não conseguem manter as equipes. Se a Globo não sonegasse informação aos seus telespectadores e não mentisse descaradamente a ponto de trocar os verdadeiros nomes das equipes, talvez esses patrocinadores tivessem melhor retorno em seus investimentos no esporte e pudessem continuar destinando verbas para as atividades esportivas de alto nível no país. Mas enquanto a principal emissora brasileira continuar seu boicote mercenário, que configura sonegação de informação e alteração da realidade, os patrocinadores provavelmente pensarão duas vezes antes de investir.

Fico me perguntando o que aconteceria se o time do J. Malucelli, um dos primeiros clubes-empresas do país, que tem o nome do forte grupo empresarial que o mantém, fosse campeão paranaense de futebol (e ele tem boas chances de chegar ao título de 2009). Até o momento, a emissora ainda não trocou o nome do J. Malucelli para “o time do Barigüi” (bairro do seu estádio ). Será que anunciaria nacionalmente como campeão paranaense o nome do grupo empresarial?

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