Por falar nisso… “jornalite” ou “opinionismo”

“Jornalite” = jornalismo + palpite. “Opinionismo” = opinião barata disfarçada de jornalismo. Inventei esses termos para designar uma mania dolorosa de alguns jornalistas e veículos que disfarçam com cara de jornalismo palpites e opiniões infundadas. Claro que existe o jornalismo opiniativo, mas este supõe, primeiro, que a manifestação de opinião seja explícita para o receptor e, em segundo lugar, que a opinião seja fundamentada em argumentação consistente e em conhecimento sobre o assunto do qual se fala.

Não é o que tenho visto e ouvido por aí. E não estou falando só daqueles veículos que há muito deixaram de informar para apenas opinar sob o disfarce da informação, fazendo campanha descarada contra ou a favor de qualquer coisa e esquecendo que deveriam simplesmente oferecer informação de qualidade ao público. Refiro-me a certos veículos e jornalistas que tratam o público como um bando de retardados mentais para os quais não basta apenas uma boa informação, mas é preciso a palavra “esclarecedora” do “profundo” analista. Basta pensar em certos “jornalistas” (estou pensando especialmente no rádio) que adoram comentar tudo, qualquer coisa, como se fossem “professores de Deus” especialistas em todos os assuntos possíveis e imagináveis. Meu Deus, quanta bobagem! Quanta besteira dita em tom sério!

Já vi apresentador dando conselhos ao papa, dizendo como Bento 16 deveria governar a Igreja. Seria alguém com vocação enrustida para cardeal? Outro mostrando soluções facílimas para a crise aérea, verdadeiros “ovos de Colombo”, nas quais nenhum especialista jamais havia pensado antes (por que será?). Ou outro ainda dizendo que as pessoas fazerem falcatruas e não sofrerem nenhuma conseqüência é coisa de carioca.

Eu disse “professor de Deus”? Há quem parece se achar o próprio, pois julgou que o “padre dos balões” estava desaparecido porque certamente já devia estar no inferno. Parece aquele sujeito que dizia acreditar em Deus porque o via todos os dias de manhã, ao olhar no espelho…

3 Comentários


  1. E como saber se um meio de comunicação é tendencioso ou não? É claro que alguns se percebe de longe. Mas, e os outros? A solução é ler e ouvir as notícias por diferentes noticiários?
    Noara

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  2. Boa pergunta… Na verdade, com espírito crítico. Ver mais de um noticiário ajuda, mas muitas vezes eles são muito parecidos. É necessário que as pessoas percam a tão difundida fé cega nos meios de comunicação.
    Tendo em vista a enorme influência dos meios de comunicação de massa, hoje, na formação da visão de mundo do cidadão médio, seria útil se as escolas preparassem os alunos para a leitura crítica dos meios de comunicação (essa é uma das vertentes do que hoje se chama de Educomunicação). Para poder avaliar os MCM, é preciso entender como eles funcionam, seus objetivos, procedimentos de criação de material jornalístico etc. E isso pode e deve ser estudado na escola.

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  3. Tenho certeza que existe muita gente por aí mais apta a governar a igreja do que o papa.
    Todos tem o direito ao palpite, inclusive você. Não é mesmo?

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