De todas as muitas coisas que fiz como jornalista (trabalhei em jornais diários e emissoras de televisão, criei veículos impressos, fiz assessoria de comunicação e atuei em rádio), o que mais me deu prazer até hoje foi aventurar-me no rádio. Tive a alegria de trabalhar na gloriosa Rádio Clube Paranaense (mais antiga rádio brasileira em funcionamento), produzindo, criando e apresentando programas informativos.
Fazer rádio ao vivo é uma delícia. Permite o contato imediato com o ouvinte, mantém um “pique” que faz circular a adrenalina no sangue e exige capacidade de improvisação. Por isso mesmo, a atividade está sujeita a escorregões. Não dá para voltar atrás em um erro. Isso é o que faz o profissional de rádio estar sempre “na ponta dos cascos”.
Tive um exemplo disso recentemente. Quando morreu o ator Paul Newman, o boletim da BBC Brasil na CBN tratou do assunto. A apresentadora fez uma entrevista não-editada com um crítico de cinema sobre a carreira do ator. O crítico, comentando os prêmios de Newman, disse que sua indicação mais recente ao Oscar havia sido por sua atuação como ator coadjuvante no filme “Estrada para Perdição”, de 2002.
A entrevistadora sai-se com esta: “Nossa! Mesmo atuando como coadjuvante ele foi indicado ao Oscar!” Educadamente, o crítico fez de conta que não percebeu. Mas os ouvintes provavelmente deram risada ou se admiraram do “enorme” conhecimento da moça sobre o assunto…
De passagem, um comentário: o serviço da BBC é disponibilizado gratuitamente para rádios brasileiras. Há outras emissoras, no Brasil e no exterior, que também oferecem serviços gratuitos para rádios espalhadas pelo país. Com isso, vão desaparecendo os correspondentes nacionais e internacionais. A visão de mundo que os ouvintes recebem passa sempre pelos mesmos filtros. Não há mais a visão particular de cada veículo, de acordo com os interesses e a cultura dos seus ouvintes. Tudo vem pronto – inclusive a ideologia embutida no noticiário…
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Eu teria ficado um pouco triste, apenas, com a história narrada. Mas fiquei muito mais quando, ao contá-la para diversas pessoas (de bom nível cultural), ninguém esboçava um sorriso, mas ficavam esperando eu continuar a narrativa…
Não é só a repórter quem desconhece que há um prêmio destinado ao ator principal e outro ao ator coadjuvante…
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Ah, ah! Que tristeza! Ainda não fiz o teste, mas depois dessa acho que não vou arriscar…