Ridículo o MP querer impedir a tal “marcha da maconha” em Curitiba, como já foi feito em diversas capitais, aliás. Triste que ainda se veja gente (inclusive jornalistas!) defendendo a repressão à liberdade de expressão. É desanimador ouvir os “argumentos” do promotor que quer barrar a marcha, alegando que o tema pode ser discutido sim, mas “nos ambientes adequados”, como as universidades, com a presença de médicos que informem os malefícios da maconha (palavras do promotor). Rir ou chorar? Se os médicos desejarem, que façam a “marcha contra a maconha”. Mas não queiram voltar a tempos obscuros em que as pessoas não podiam defender suas ideias em praça pública. Mil vezes pior do que a maconha é a repressão à liberdade de expressão. Que cada um diga e defenda o que quiser. Defender a liberação do uso da maconha não é apologia ao crime, é livre manifestação do pensamento. O poder público quer “proteger” os “pobres coitados” da população que não têm condições de avaliar o que é bom ou ruim e por isso precisam da tutela estatal para lhes dirigir as escolhas? Abaixo o cinismo e a hipocrisia!
Falando sobre o uso de drogas: vejo diariamente pessoas de todas as classes sociais usando drogas, nos mais variados ambientes: nos estádios de futebol, nos bares e restaurantes, nas praças, até nas reuniões de família. E há pilhas de propagandas fazendo apologia ao uso de drogas, inclusive na televisão, com a participação de atores, cantores e até esportistas (como o glorioso Ronaldo). Falo das drogas legalizadas, como o álcool e o tabaco, que matam e prejudicam muito, infinitamente muito mais gente do que a maconha. Cadê os protestos? Qual a diferença, senhores hipócritas? Só uma: o comércio legal de tabaco e álcool gera bilhões em impostos, verba certamente muito bem utilizada para financiar farras aéreas e pagar altos salários aos utilíssimos diretores do Senado e funcionários comissionados da Infraero, entre outras aplicações de alta relevância…
De novo: abaixo o cinismo e a hipocrisia!
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concordo com vc quanto à existência de diversas drogas nocivas à saúde (física, mental e social), como a bebida e o cigarro. Contudo, a lei não tipifica sua venda e consumo como crime ou contravenção, o que não acontece com a maconha (psicotrópico de posse e uso não autorizado às pessoas comuns). Portanto, o MP não agiu com tanta hipocrisia assim, porque repudiou manifestação a favor de um produto que, por enquanto, é ilegal. Quando os legisladores disserem que não é mais crime traficar maconha, com certeza o MP vai acompanhar a lei.
Por outro lado, a maconha é a porta de entrada para as drogas mais fortes. O vício vai aumentando de “qualidade”, e para passar da erva para uma cocaína é um tapa (com perdão do trocadilho).
Também não deve ser esquecido que os brasileiros são mestres em excessos; com certeza, em manifestações como essas, a maconha vai rolar solta, haverá abusos e conflitos. Quando as manifestações são por causas bem mais pacíficas já viram tumulto, imagine com esse tema!
Nem tão errado, portanto, o MP.
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Caríssimo: acho, sim, absurda a proibição, pois fere o direito constitucional à livre manifestação do pensamento. Se, durante a marcha, ficar comprovado que alguém cometeu algum crime, então, que seja penalizado. Mas impedir a livre manifestação do pensamento é coisa de ditadura.
Se algo é ilegal, como pode deixar de sê-lo (ou vice-versa) se as pessoas não puderem debater e manifestar-se a favor ou contra? Temos que esperar que algum dos prestimosos, utilíssimos e diligentes legisladores federais tome a iniciativa?
E continuo achando que o MP age com hipocrisia porque reprime algumas manifestações e outras não. Por que o MP não pediu a prisão da ministra Nilcéia Freire, que publicou artigo em dezenas de veículos de comunicação defendendo o abortamento, ato tipificado como crime? (veja post de 15/05/2008 neste blog, com o título “Ministra deveria ser presa?”).
Obrigado pelo seu comentário. Estava sentindo falta…
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A questão, portanto, é muito mais abrangente, não sendo apenas o ponto em discussão – o que, claro, não tira a necessidade de ser feita. O raciocínio se aplica então a todos os segmentos e representantes da sociedade imperfeita em que vivemos. Eu, de olhos fechados, mordaça, tampão nos ouvidos e mãos atadas votaria sem sombra de dúvidas em pessoas como vc para me representar em qualquer lugar, mas, como sempre, os bons evitam os lugares ruins…
Tenho estranhado que outras pessoas não estejam respondendo seus apontamentos, porque são sempre atuais e pertinentes na sua exposição (independentemente de concordar ou não – da discussão nasce a luz).
Abraço
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Deve ser difícil ser juiz! Lendo o comentário do Eriel, acho que ele está correot. Depois, lendo o comentário do Tomás, também acho que ele está correto.
Mas acredito também que o problema é mais profundo. Está certo lutar pela liberdade de expressão, mas também acho que o povo brasileiro não está pronto para certas ações. A marcha da maconha provavelmente confundiria a cabeça de muitos.
E, apesar da beber não ser crime, acho inaceitável um jogador do porte de Ronaldo, que é cultuado como um deus por este mesmo povo confuso, fazer publicidade de bebida alcoólica!
Noara
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Pois é!
Eriel tem razão. Noara tem razão. Tomás tem razão. Todos temos nossas razões, e todas elas coerentes e ponderadas. Viva a democracia!