“Cultura” é isso…

No dia 21 de abril, como muitos dos jornais, “supercriativos”, fazem todo ano, a Gazeta do Povo também foi às ruas perguntar a alguns passantes o que sabiam sobre Tiradentes. Pulando as possíveis críticas à eterna repetição de pautas, chama atenção que algumas pessoas mostrem a cara para assumir desabridamente sua ignorância.

Vejamos alguns depoimentos:

“Só lembro que ele foi enforcado e guardo a data porque dia 21 é aniversário da minha irmã” (advogada de 26 anos).

“Estudei sobre Tiradentes na terceira série, mas não me recordo de nada sobre a história dele” (professor de informática de 20 anos).

“Sei que ele era dentista e acho que tinha barba” (acadêmica de Direito de 31 anos).

“Lembro que ele foi espancado em praça pública, mas não lembro porquê. Ele era barbudo também, parecido com o Lula” (contador de 29 anos).

Um outro acerta ao dizer que ele “participou da Inconfidência Mineira e acabou esquartejado”, mas emenda: “Sua aparência era igual à de Jesus Cristo”.

Rir ou chorar?

Nem de longe quero afirmar que todo mundo deveria cultuar o herói pátrio – sou daqueles que têm simpatia pela célebre afirmação: “O patriotismo é o último refúgio dos canalhas”. Mas é uma questão de cultura geral mínima.

Os depoimentos servem ainda para confirmar a suspeita de que a fabricação do herói republicano, mesmo passado tanto tempo e com a evidente e frequentemente alardeada criação forçada do mito republicano pelo regime então nascente calou fundo – até hoje, ainda há muita gente que tem na cabeça a imagem falsa e mitificada do alferes barbudo semelhante a Jesus Cristo (semelhança fajutamente criada pela propaganda republicana que buscava um herói).

Também não quero desmerecer a ação do alferes Joaquim José da Silva Xavier em prol da República. Apenas ressaltar o parco conhecimento que tantas pessoas (inclusive com curso superior) têm da história nacional.

2 Comentários


  1. ahahah, vem falar de cultura no Brasil? Nunca me esqueci de um programa de TV em que alunos de duas escolas se combatiam respondendo às perguntas do mediador e tivemos a resposta "59 centímetros" para a pergunta "quando mede um metro"…
    Eu gostaria de saber se no terreno da casa onde morava Joaquim J. S. Xavier existe alguma coisa, porque a sentença que o condenou mandou salgar o lugar, "para que lá nunca mais nada se levante". Se houver, é transgressão à coisa julgada!

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