Entrei na brincadeira do Facebook que incentiva as pessoas a contarem algumas “curiosidades” sobre si. Seguem algumas minhas, se é que interessam a alguém…
- Fui católico tradicionalista (fanático) por uns 15 anos. Hoje, não frequento nenhuma igreja, tenho minha fé particular e discordo de várias coisas na Igreja Católica. Mas ainda sei todas as orações de cor em latim. E rezo regularmente, uso escapulário e medalhas religiosas e frequentemente carrego comigo um terço. Entretanto, tenho certa ojeriza a pregações religiosas. Por minha experiência pessoal, me arrepia o fanatismo, bem como a adesão a rituais e comportamentos automatizados sem base racional.
- Na infância e na juventude, fui atleta e pratiquei inúmeras modalidades esportivas. Ganhei medalhas de natação, handebol, vôlei, futsal, futebol e xadrez, além de participar de competições de atletismo e basquete. Também fiz judô, karatê-do tradicional, karatê kioko shin kai e taekwondo. Parei de praticar esportes há poucos anos, depois de descolar o ombro jogando futebol, o que me obrigou a fazer artroscopia e seis penosos meses de fisioterapia. Atualmente, só esteira para não ficar sedentário.
- Quando criança, antes de mudar-me para a capital (com 14 anos), vivi muito ligado à vida rural. Meus avós maternos tinham fazenda a 6 km da minha casa (que ficava no centro da cidade), e meu pai tinha um sítio a seis quadras de casa (propriedade rural colada na cidade, no final da rua em que morávamos). Hoje, sou extremamente urbano – achou que teria grande dificuldade em viver fora de uma metrópole.
- Atividades da minha infância “rural” incluíam abater animais. Fiz isso com minhas próprias mãos incontáveis vezes com aves e participei do abate e preparação de animais para consumo (porco, boi, cabra e até uma paca). Hoje, me horroriza a ideia de matar um frango como eu fazia quando era criança.
- A vida “rural” também tinha suas agruras: levei muitos tombos de cavalo e fui vítima de sanguessuga, carrapato, bicho-de-pé e berne.
- Durante os 15 anos em que fui militante católico, vivi de doações, e todos os meus pertences cabiam em uma única mala. Nas minhas missões em viagem, houve algumas noites em que eu não tinha onde dormir e pouco que comer. Cheguei a passar fome e dormir dentro de um Fusca algumas vezes. Dormir em saco de dormir, no chão, tomar banho de caneca e comer refeições doadas também foram parte da rotina de muitas dessas viagens.
- Morei pelo menos dois anos em outras três capitais, além de Curitiba: São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
- Gosto de estudar línguas – tenho certificados de proficiência em inglês e francês, me viro em espanhol e estou aprendendo italiano, mas tenho uma imensa dificuldade de ouvido. Meu grande problema é na compreensão da fala, em qualquer língua (menos português).
- Aliás, tenho certa obsessão por estudo. Ingressei em cinco cursos superiores (Medicina, Direito, Jornalismo, Odontologia, Psicologia), fiz três especializações, mestrado e doutorado. E já estou incomodado por não estar cursando nada neste semestre.
- Na juventude, viajei bastante de carona – de carro, caminhão e até avião. Por incrível que pareça: eu ia ao aeroporto, falava com os pilotos e pedia carona. Consegui algumas vezes. Também viajei de carona em voos do Correio Aéreo Nacional.
- Sou extremamente fraco para bebidas, por isso, bebo pouco. Beber muito, para mim, é chegar a duas garrafas de cerveja (raríssimo). Nunca fiquei bêbado, nem experimentei drogas ilícitas – não por caretice (sou favorável à liberação do uso), mas porque tenho repulsa à ideia de perder o autocontrole. Gosto especialmente de cervejas artesanais, gin e alguns licores (Cointreau, Chartreuse, Bénédictine etc.). De resto, experimento qualquer bebida, mas sempre em pouca quantidade.
- Adoro viajar. Viajo sempre que posso, geralmente sozinho. Mas não curto as viagens tipo excursão de turista. Prefiro ficar mais tempo num só lugar que percorrer vários em poucos dias. Quando viajo, ando muito a pé. Sou andarilho, gasto a sola do sapato andando pelas cidades que visito. E adoro visitar lugares com neve.
- A arte sempre fez parte da minha vida. Literatura, poesia, teatro, cinema, música, pintura, dança… E não apenas como “consumidor”. Escrevo contos, romances e poemas, aprendi um pouco de piano (consigo tirar músicas não muito difíceis) e violão (não toco mais), sou ator profissional (adoro o palco e a câmera!), já participei de corais, até me arrisquei em aulas de flamenco (parei porque era muito difícil) e fiz também aulas de pintura em óleo sobre tela (não levo jeito pra isso). Tive uma obra de assemblage selecionada para uma mostra coletiva. Uma das coisas que ainda pretendo fazer na vida é aprender a dançar. Meu primeiro livro individual de poemas vai ser lançado em breve.
- Não tenho medo de mudanças, não gosto de ficar muito acomodado, tenho dificuldade com rotina prolongada. Já mudei radicalmente de vida duas vezes, deixando tudo para trás e começando uma vida completamente diferente. Saí de casa com 17 anos, apenas com a roupa do corpo. Aos 32 anos, larguei a vida anterior e comecei tudo de novo, praticamente do zero. Não tenho problemas em mudar tudo e recomeçar, a estabilidade não está entre meus valores principais.
- Tenho pouquíssimos amigos próximos. Sei que em geral a primeira impressão que causo não é favorável, pois várias pessoas que se aproximaram de mim já disseram que “de perto” sou bem melhor do que pareço. Talvez isso se deva a meu passado de “luta contra o mundo”, que me fez criar um escudo de aparência inamistosa e beligerante – procuro superar isso, mas não é fácil.
- Assisto a muitos filmes e séries, leio bastante e sou capaz de chorar copiosamente numa passagem triste no livro ou na tela. Aliás, algumas músicas também me fazem chorar.
- Sou pessimista em relação à humanidade, em geral atrasada e primitiva, embora eu saiba que há muitas almas elevadas que dignificam isso de ser humano. Ver alguns horrores que aparecem na internet me deprime. Evito assistir a vídeos de desgraças humanas – se acontece por acaso, posso ficar mal por vários dias.
- Rejeito ideologicamente coisas como racismo, homofobia, machismo (e tenho que lutar cotidianamente contra as tendências culturais e sociais do meio que me puxam para atitudes em sentido contrário a essa rejeição). Incluo nessa lista o chauvinismo e certo patriotismo. Fronteiras são convenções, não acho que qualquer “estrangeiro” seja melhor ou pior por haver nascido em outro país, sinto-me irmão de todos. Fico irritado, por exemplo, quando vejo gente falando mal do Paraguai e colocando o adjetivo “paraguaio” no que é ruim (mesma atitude que algumas pessoas do hemisfério norte têm em relação aos brasileiros).
- Medo é um sentimento muito raro em mim. Mas tenho horror de brinquedos radicais do tipo montanha-russa – pra mim, não são diversão, mas tortura.
- Acumulo papel. Mas estou vencendo esse hábito. De vez em quando, consigo jogar fora sacos de papeis velhos, como contas pagas. Recentemente, me desfiz de uma pilha enorme. Tinha contas guardadas há mais de 15 anos! Isso engloba livros: tenho grande dificuldade de desfazer-me dos meus, mas também estou conseguindo me desapegar e tenho doado muitos. Por outro lado, há um papel que não consigo acumular: dinheiro. Não sou “guardião de tesouro”. Se tenho, gasto; se não tenho, não gasto. Mas agora também estou lutando para guardar alguma reserva.
- Tenho daltonismo leve. Fico indignado com designers que não pensam nos daltônicos e utilizam cores que nos confundem (como vermelho e verde: nunca as coloquem juntas, por exemplo, num gráfico ou num mapa, por favor!).
- Tenho certa queda por gente fora do comum, alternativa, fora da casinha, párias etc.
- Sou uma metamorfose ambulante, cheio de contradições. E não me sinto nem um pouco mal por isso.