Sampa

Estive em São Paulo para fazer um curso de três dias. Fiquei hospedado na Av. Brigadeiro Luís Antônio – o curso era na Av. Paulista, de modo que eu podia ir e voltar caminhando.

Morei alguns anos em São Paulo. Conheço os pontos positivos dessa cidade incrível: se os limites do município fossem transformados nas fronteiras de um novo país, esse país teria tudo.

Mas esses três dias de experiência mostraram-me uma São Paulo horrível. Cheguei de manhã e peguei o metrô. Tive que esperar dois trens para conseguir entrar num vagão superlotado, carregando minha bagagem. A vantagem foi não precisar segurar em nada: não havia como cair de tão espremido que eu estava.

A Brigadeiro é feia – calçadas irregulares, prédios velhos, casas aos pedaços. E revela uma face dolorosa de Sampa: uma quantidade inacreditável de moradores de rua. Famílias inteiras, de cinco, seis, oito pessoas dormindo ao lado de seus carrinhos de papel. Triste.

Certa tarde, caiu uma tempestade. A cidade tornou-se um caos ainda maior. Na volta para casa, vi de longe, na calçada, umas 200 pessoas aglomeradas. “Será uma manifestação?” – perguntei-me. Não, não parecia, estavam todos parados, olhando na mesma direção. Alguém que foi atropelado? Ou caiu de um prédio? Não, nada disso – todos estavam relativamente calmos. Tive que desviar meu caminho pela rua, e então percebi: eram pessoas esperando seus ônibus! Realmente, São Paulo é algo inacreditável…

Mas vi também um lado bom: num raio de algumas quadras de onde me hospedei havia oito teatros! – um deles, o Jofre Soares, onde meu primo Renato Papa é protagonista da comédia “A sogra que eu pedi a Deus”, com todas as sessões já lotadas até o final da temporada.

2 Comentários


  1. eu, que moro cá no interior – no sítio, mesmo -, quando fui à festa de aniversário da avó, em janeiro do ano passado, cuidei de sair do apartamento poucas vezes e sempre trajando bermuda velha, camiseta básica surrada e um par de chinelas havaianas (mas de outra marca) – e sem fazer barba. Assim, acreditei que não seria abordado por meliantes. A estratégia deu resultado bem mais extenso: as pessoas desviavam de mim na calçada… Tenho medo de São Paulo!!!!

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  2. Ha, ha, creio que o Eriel exagerou!
    Eu adoro São Paulo! Ela pode ser cinzenta, barulhenta, feia, suja, mas tem uma atmosfera muito boa e as pessoas são simpáticas. E, como disse o Tomás, programas culturais não faltam alí: teatros, cinemas, museus (o da língua portuguesa é muito interessante), orquestras, etc.
    Noara

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