No último sábado (22/08), durante a realização de evento de crowdfunding do seriado “Omnia”, em Curitiba, seus produtores revelaram que a meta imposta via site de financiamento coletivo “Catarse” atingiu 148%, ultrapassando qualquer expectativa. Significa que o projeto sairá do papel e o Paraná pode entrar para o cenário internacional de seriados de TV. Mais ainda, com a meta cumprida a data para finalização do episódio piloto é março de 2016, quando a cidade do Rio de Janeiro será palco de encontro para profissionais dos maiores canais de TV a cabo do mundo, dispostos a conhecer e comprar produções brasileiras. “Estaremos lá, frente a frente na mesa de negociação”, comemora Nancy Marchioro, produtora executiva da série.
E há mesmo o que comemorar. Desde que entrou em vigor, em 12 de setembro de 2011, a chamada “Lei da TV Paga” (Lei 12.485) tem impulsionado a produção de conteúdo nacional a ser veiculado nos canais fechados – a lei exige a exibição de um mínimo de 3h30 semanais de produções nacionais nesses canais. Desde então, o público brasileiro acostumou-se a ver séries como “Contos do Edgar”, “Vida de estagiário”, “Historietas assombradas”, “Mandrake”, “Filhos do Carnaval”, “Alice”, “Adorável psicose”, “Na fama e na lama”, “O negócio”, “Oscar Freire 279”, “Sessão de terapia”, entre tantas que fizeram maior ou menor sucesso – algumas ainda em exibição, outras já extintas.
Uma vez que a lei exige que metade do conteúdo nacional seja criado por produtoras brasileiras independentes, a abertura desse novo mercado tem sido ótimo para as empresas que trabalham com a criação de produtos nacionais destinados às TVs a cabo. Várias têm firmado contratos com grandes canais internacionais a cabo vistos por assinantes brasileiros, como HBO e Fox, por exemplo.
De olho na janela de oportunidades, profissionais de Curitiba preparam a criação de uma série com pretensões de superprodução. Trabalhando em sistema cooperativo, em associação com a produtora curitibana ImagineNation, o grupo criou a série “Omnia”, voltada para o público adulto e que toca em alguns temas-tabu. “Todo mundo tem um lado oculto. Qual é o seu?”, pergunta o diretor Luiz Brambilla, um dos participantes do projeto, em um vídeo de divulgação da série. A pergunta revela a ideia central da produção: mostrar que todas as pessoas, mesmo aquelas acima de qualquer suspeita, têm lados da personalidade que preferem não deixar aparecer. Alguns lutam contra isso a vida toda – outros, como a série mostrará, entregam-se a suas tendências mais obscuras, ainda que mantenham socialmente as aparências. “Em Omnia, não existe personagem plano: todos têm seus lados bons e maus. Em alguns casos, esse lado mau que se oculta sob as aparências é surpreendente”, comenta o roteirista da série, o escritor Fábio Marchioro.
Foi cerca de um ano depois das primeiras reuniões de trabalho, iniciadas em 2014, que a ideia começou a tomar forma. Até que no dia 27 de julho deste ano aconteceu o lançamento do projeto no “Catarse”, visando a captação de recursos para elaboração do episódio piloto da série, que já tinha roteiros prontos para os seis episódios iniciais.
Desde então, vários apoiadores se juntaram à família de omnianos nas duas últimas semanas, ajudando a atingir a meta. O valor inicial pedido era de R$ 30 mil. “Realizamos várias reuniões com investidores, patrocinadores e apoiadores e fechamos parcerias que garantiram a entrada de recursos para cumprir a meta do projeto. Mais do que isso, sentimos que os curitibanos acreditaram em nós”, contou Nancy, que agora, junto com a equipe, começa a planejar as próximas etapas. A campanha no site do Catarse termina na terça-feira (25/08).
Omnia
A série Omnia foi criada pelos atores Tomás Barreiros e Vania Leda durante a gravação de um curta-metragem, e a eles se juntaram o diretor Luiz Brambilla e o roteirista Fabio Marchioro, além de atores e atrizes convidados. Por enquanto, entre roteiros, ensaios e gravações, a equipe completa acumulou mais de 12 mil horas de trabalho.
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[Crédito da foto: Alex Calderari]
[Fonte: Trajeto Lapa]