E apareceu mais uma invenção da Federação Parananese de Futebol! De onde vem essa incrível capacidade de criar regulamentos esdrúxulos? É espantoso o argumento utilizado pelo representante da FPF para aprovação da disputa das finais sem consideração ao saldo de gols: um casuísmo mirabolante. Alega que um time poderia, eventualmente, estar com vários jogadores importantes suspensos ou lesionados na primeira partida, o que eventualmente prejudicaria a final. É para rir ou chorar? Se é assim, então podem ser inventados mil outros casuísmos. Por exemplo: suponhamos que um dos times da final seja um time pequeno do interior que, mandando o jogo na primeira partida, faça uma retranca intransponível, com marcação cerrada, e consiga segurar o empate, até conseguir um gol de contra-ataque na sua única finalização, ganhando de 1×0. No segundo jogo, como visitante, perde de 12×0. A decisão vai para a quase-loteria dos pênaltis, e o visitante ganha por 5×4. É justo? Casuísmo por casuísmo, este tem tanta validade quanto o da FPF…
Outra coisa difícil de aceitar é a decisão entre campeões de turno e returno num campeonato de pontos corridos com dois turnos. Faz sentido no Rio de Janeiro, onde os times são divididos em dois grupos, jogando contra adversários distintos em cada turno. Mas não num sistema em que todos enfrentam todos, com troca de mando. Isso também pode dar margens a injustiças, como no campeonato em que o Atlético foi melhor em tudo (inclusive bateu o recorde de vitórias da equipe que lhe valeu o título de “Furacão”), mas terminou como vice-campeão por causa de um único gol.
Alegar a questão da renda é pior: constitui uma afirmação de que o princípio norteador das decisões da Federação é o lucro, ainda que a possibilidade de uma renda maior em um ou dois jogos ponha a perder todo o desempenho de um time ao longo do campeonato.
Quando os dirigentes perceberão o óbvio? Um campeonato forte só se faz com um regulamento justo, em que o melhor ganhe. O que faz o torcedor comparecer sempre ao estádio é a lisura da competição, que garanta a certeza de que o campeão será o que se sair melhor dentro das quatro linhas, ao longo de todo o campeonato. Torcedores de ocasião, que vão apenas à “partida decisiva”, poderão aumentar a renda de um ou dois jogos, mas não ajudarão a fazer do Campeonato Paranaense um evento sólido e respeitado.
Se a FPF quer um campeonato sério, que ao longo dos anos fique cada vez mais prestigidado e atraia público constante, não devia querer reinventar a roda a cada dois anos, mas simplesmente estabelecer definitivamente o consagrado sistema de pontos corridos com turno e returno, com três divisões bem definidas com acesso e descenso e calendário pré-estabelecido, determinando pelo desempenho na série A as vagas para a Copa do Brasil e a série D do brasileiro. Isso manteria o interesse nos campeonatos do início ao fim.