Morreu Diaféria

Morreu hoje o jornalista Lourenço Diaféria, que foi cronista da Folha de S. Paulo. Fiquei triste. Diaféria possibilitou-me o primeiro contato com as arbitrariedades da ditadura. Explico… Minha cidadezinha natal, Cambará, na década de 60, tinha um sistema de vida muito ligado à vida rural e uma predominante mentalidade conservadora típica dos proprietários de terras. Meu pai era eleitor da Arena e assinante do Estadão. Eu vivia na alienação típica

Por que gostamos tanto de futebol?

Sempre me pergunto por que gostamos tanto de futebol. Eu mesmo, grande apreciador desse incomparável esporte, não consigo entender meu próprio gosto. Tento forçar a memória para me lembrar como me surgiu este apego tão inexplicável. Vejo-me com 14 anos em Cambará, no interior do Paraná, minha cidade natal. Quando nasci, Cambará vivia as últimas glórias (moderadas, é verdade…) do CAC – Cambará Atlético Clube, campeão do Norte Paranaense em

A régua

Um dos prazeres da vida adulta é poder realizar alguns desejos de criança – mesmo que, em geral, a realização seja um tanto frustrante, pois o sonho alcançado invariavelmente fica longe do sabor do sonho sonhado em tenra idade. Lembro-me, por exemplo, do meu gosto infantil por camarão. Morávamos longe do mar, e camarão era iguaria fina e cara, ao menos para nós. Uma vez por ano, nas férias de

Lição da rua

Há muitos anos, quando era repórter de um jornal diário, levei um “fora” da namorada. Naturalmente, fiquei arrasado. Confesso que não tanto pelo amor alheio recusado, mas muito mais pelo amor-próprio ferido – afinal, estávamos no começo do relacionamento, naquela fase de esperanças mais que de grandes afetos. De qualquer modo, fiquei mesmo down, como se costuma dizer hoje (em idos tempos, a pessoa “ficava na fossa”). Fui trabalhar. No

Um passeio pela revolução bolivariana

O mar do Caribe é lindo. Mas não foi por causa dele que passei por Caracas. Minha viagem, de trabalho, era até Santo Domingo, República Dominicana, para um congresso científico. Mas eu não podia passar por cima da Venezuela e sua revolução bolivariana. Não. Se algo de realmente novo está acontecendo por lá, eu não podia cruzar indiferente o espaço aéreo venezuelano. Haveria mesmo uma esperança nova surgindo no continente?

Anatomia do Fundamentalismo – II

Coluna Interregno (02/12/2003) Jamil Salloum Jr. No artigo passado conhecemos a passagem que o jornalista curitibano Tomás Eon Barreiros fez por uma ideologia fundamentalista; no caso, a que é propagada pela TFP –“Tradição, Família e Propriedade”, movimento católico de ultra-direita.  Na ocasião, dissemos que hoje consagraríamos nosso texto para as reflexões que Tomás retirou dessa experiência. Vejamos o que ele tem a nos dizer sobre isso. De acordo com o

Anatomia do fundamentalismo - I

Coluna Interregno (29/11/2003) Jamil Salloum Jr. Caro leitor, hoje e terça-feira abordaremos um assunto da mais alta importância: o fundamentalismo. É graças ao depoimento corajoso de algumas pessoas que passaram por uma ideologia fundamentalista, e que a superaram, que possuímos material de pesquisa, análise e reflexão. O jornalista curitibano Tomás Eon Barreiros, 41, é uma dessas pessoas. Conheceremos em dois artigos a importante mensagem que esse brasileiro tem a transmitir

Tenho medo da Justiça

A juíza federal Carla Rister, da 16ª Vara Cível de São Paulo, suspendeu, em todo o país, a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para a obtenção do registro profissional no Ministério do Trabalho e o conseqüente exercício da profissão. A sentença foi publicada dia 10 último no Diário Oficial do Estado. E é de assustar. Embora seja jornalista profissional diplomado e professor em uma faculdade de jornalismo, não é por